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Má-formação em bebês pode estar ligada ao consumo de remédios para dor

Má-formação em bebês pode estar ligada ao consumo de remédios para dor

m aumento alarmante nos casos de gastrosquise nos Estados Unidos nas últimas duas décadas preocupa especialistas. O número de bebês que nasceram com essa má-formação congênita dobrou entre 1995 e 2005. E não parou aí. De 2006 a 2012, esses números aumentaram mais 30%.

A gastrosquise acontece ainda no início da gestação, quando a parede abdominal do bebê não se forma da maneira adequada. Nesse caso, órgãos como o estômago e intestino se formam para fora do corpo. A ciência ainda não descobriu uma causa exata para o problema, no entanto, existem fatores de risco. A idade materna jovem (menos de 20 anos) é um deles. Mas pesquisas recentes sugerem que o aumento de casos nos Estados Unidos se deu para mães de todas as faixas etárias, principalmente as mais velhas.

Diante disso, os pesquisadores encontraram evidências de que o tabagismo, as infecções geniturinárias e, principalmente, o uso de opióides — drogas usadas para aliviar a dor — podem estar ligados a essa maior incidência. “Uma análise descobriu uma maior prevalência de gastrosquise em áreas onde as taxas de prescrição de opiáceos eram altas”, explicam pesquisadores, em um novo relatório publicado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA. A taxa de gastrosquise nos Estados Unidos se mostrou 1,6% maior em municípios com altas taxas de prescrição de opiáceos. Já os municípios com taxas médias de uso foram 1,4% maiores do que aqueles com taxas mais baixas.

O que são opióides?

Os opióides são drogas originalmente obtidas a partir do ópio, extraído da papoula. Alguns dos compostos que fazem parte dessa classe de analgésicos são codeína, fentanila, oxicodona e tramadol. Normalmente, eles causam relaxamento, prazer e aliviam dores moderadas a fortes. Essas substâncias podem ser sintetizadas completamente em laboratório — chamadas de “opióides” — e consumidas no formato líquido, em cápsulas ou comprimidos.

O uso indevido e contínuo pode levar à dependência física e a sintomas de abstinência. Nos Estados Unidos, a preocupação com o crescente consumo é tanta que recebeu o nome “epidemia de opióides”. Lá, os casos de overdose envolvendo a droga aumentaram 30% entre 2016 e 2017, segundo o Centro para Controle e Prevenção de Doença dos EUA. Nesse período, mais de 142 mil pessoas deram entradas em hospitais com suspeita de overdose de opióides.

Mas essas drogas não são essencialmente perversas. Se usadas da maneira correta, isto é, com o acompanhamento médico, elas podem melhorar a qualidade de vida, especialmente de pessoas que sofrem com dores crônicas.

E no Brasil, existe epidemia?

Diante dessa realidade nos EUA, você deve estar se perguntando “e no Brasil, isso também acontece?”. Aqui, acredite, as vendas de opióides aumentaram 465% em seis anos, de 2009 a 2015. Por outro lado, o país continua bem abaixo das 731 prescrições para cada 1 mil pessoas registradas nos Estados Unidos no ano de 2017.

Apesar da realidade ainda ser bem diferente da americana, o relatório — publicado em 2018, na revista AJPH, Revista Americana de Saúde Pública — faz um alerta: “É fundamental introduzir métodos eficazes de prescrição e monitoramento que permitam que os pacientes acessem os medicamentos necessários sem aumentar o risco de uso indevido de opiáceos e consequências relacionadas. A vigilância cuidadosa da oferta e os resultados subsequentes são necessários para impedir o desenvolvimento de outra epidemia de opiáceos devastadora nas Américas”.

Quer saber mais sobre gastrosquise?

A gastrosquise causa furos no abdômen do bebê, próximo ao umbigo. Como não há saco protetor ao redor dos intestinos, eles podem facilmente ficar irritados pelo líquido amniótico e começar a torcer, inchar ou encurtar. Às vezes, outros órgãos, como o fígado, também se projetam através da abertura.

É de extrema importância fazer uma cirurgia imediata para recolocação dos órgãos e fechamento da abertura. Ainda assim, como consequência, muitas crianças acabam tendo problemas para digerir leite materno, alimentos e absorver nutrientes, prejudicando seu desenvolvimento.

Apesar dos números serem preocupantes, os especialistas advertem que mais pesquisas são necessárias para entender melhor a ligação entre o uso de opióides e o aumento de casos de gastrosquise.