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Congelamento de óvulos: principal motivação é a falta de um parceiro, revela estudo

Congelamento de óvulos: principal motivação é a falta de um parceiro, revela estudo

O que leva uma mulher relativamente nova, na faixa dos 35 anos, a congelar seus óvulos? Uma advogada de 39 anos — que prefere não revelar o nome — e passou pelo procedimento há um ano, explica: “Estava solteira, nem namorava e com o avançar da idade quis fazer esse ‘seguro’. Entendo que fisiologicamente as chances de ser mãe vão dimunuindo e caso tenha vontade de ser mãe futuramente quis me resguardar”.

“Importante dizer que quando fiz meus exames, ainda era fértil do ponto de vista médico, mas já com a capacidade reduzida a 50%”, completou ela. A advogada ainda revelou que diversas amigas também congelaram óvulos. Realmente, a prática tem se tornado cada vez mais comum e é um assunto assíduo nas rodas de conversa entre as mulheres. Diferentemente do que se pensava, elas estão fazendo isso como uma forma “preventiva” e não para se dedicarem a carreira profissional.

O que leva as mulheres a congelar seus óvulos?

Segundo o estudo publicado pela Human Fertility, o objetivo das mulheres é evitar o chamado “pânico dos pais” ou seja, entrar em um relacionamento somente com o objetivo de ter filho. Os pesquisadores do Centro de Pesquisa em Reprodução da Universidade De Montfort entrevistaram 31 mulheres — 84% solteiras — que congelaram seus óvulos.

A maioria respondeu que a principal motivação é a falta de um parceiro. Outras disseram que possuem um, mas eles não querem se comprometer com a paternidade. Além disso, algumas argumentaram que o congelamento de óvulos poderia proporcionar mais tempo e aliviar a pressão da busca por um companheiro adequado.

As mulheres também disseram que esperavam não precisar dos seus ovos congelados e ainda têm esperanças de conceber naturalmente com um futuro parceiro. Para a maioria, o processo foi emocionalmente difícil, já que fundamentalmente não queriam congelar seus óvulos. “Antes e durante o procedimento fiquei muito mal. Parece que você está fazendo algo contra a natureza. Que algo não deu certo pra você. As coisas não são naturais e você fica um pouco frustrada”, revelou a advogada.

O estudo também mostrou que a informação disponível para as mulheres foi considerada inadequada. Isto é, quase todas elas disseram que as clínicas não foram capazes de fornecer uma estimativa da probabilidade de um futuro nascimento vivo com seus ovos congelados. Houve uma falta de discussão detalhada com os médicos sobre os processos e resultados pós-congelamento, e as mulheres, cuja idade média no momento do congelamento era de 37 anos, não receberam informações específicas sobre a idade.

Com o aumento do número de mulheres considerando o congelamento de ovos, particularmente na Europa, os autores do estudo pedem mais apoio para quem passa por este processo. “As clínicas que fornecem essa tecnologia têm a responsabilidade de apoiar decisões fundamentadas. As mulheres devem ser informadas sobre os custos e riscos, bem como as exigências físicas e emocionais do congelamento de ovos e qualquer tratamento futuro de fertilização in vitro, recomendou a pesquisadora Kylie Baldwin.

Qual é a idade ideal para congelar óvulos?

No Brasil, a responsável por fiscalizar as clínicas de reprodução assistida é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas ela informou que não possui números oficiais sobre óvulos congelados no país. Mas basta conversar com especialistas da área para perceber que o aumento é expressivo. Somente na Clínica Mãe, uma das maiores de São Paulo, o número de pacientes que congelou seus óvulos nos últimos seis anos aumentou cinco vezes.

Hoje, a média de idades das mulheres que procuram o procedimento está em torno dos 37 anos. No entanto, segundo o obstetra Alfonso Araújo Massaguer, especialista em Reprodução Humana, o ideal seria congelar os óvulos antes dos 35 anos. Mas ele alertou que depende de cada mulher. “Pode variar conforme histórico familiar, como menopausa precoce e exames da paciente, incluindo ultrassom e anti-mulleriano”, explicou. O principal problema de procurar a técnica mais tarde, é ter de submeter a paciente a mais de um ciclo de coleta e o risco de os óvulos não terem mais a qualidade necessária.

A consultora de RH Mariana Sperandio, 35 anos, disse que nunca tinha pensado na possibilidade até que um médico sugeriu que ela realizasse um exame para verificar a qualidade dos óvulos. “Esse exame nunca fez parte da minha rotina e achei que seria importante fazer essa avaliação. Atualmente, não tenho previsão de ter filhos, portanto essa informação poderia ser fundamental para tomar uma decisão de congelar, caso quisesse. Precisei parar para pensar sobre o que fazer. Mas como os custos envolvidos, aliada ao fato de ainda ter um período considerável para engravidar (de 1 a 2 anos), optei por não fazer o congelamento”, contou.

Os custos no Brasil realmente são altos. Os preços variam de uma clínica para outra, mas a média está em torno de R$ 20 mil. Além disso, a mulher ainda terá que desembolsar cerca de R$ 1 mil por ano para manter os óvulos criopreservados.

Mas, afinal, por que é tão difícil encontrar um parceiro?

Segundo uma outra pesquisa realizada pela Universidade de Yale, em Connecticut, Estados Unidos, a causa pode estar relacionada à educação. Isto é, as mulheres em muitos países desenvolvidos, incluindo os Estados Unidos, Canadá, Grã-Bretanha, Japão, Noruega e Austrália, são agora mais educadas que os homens. Isso poderia criar uma escassez de parceiros masculinos atraentes para elas.

“Acho que o mundo mudou e trouxe às mulheres mais independência financeira e psicológica. Hoje temos liberdade para viver a vida e ter novas experiências. Aprendemos a ficar sozinhas e não nos submetemos, na maioria da vezes, a ficar em relacionamentos que não agregam. Com as mulheres se destacando profissionalmente, também é natural o desejo de encontrar um parceiro que seja no mínimo igual ou superior em termos de nível social. Com uma régua mais alta, fica mais difícil encontrar alguém que se encaixe nos padrões que estamos nos estabelecendo”, explicou Mariana.

Também mostramos a conclusão da pesquisa a um grupo de mulheres nas redes sociais e perguntamos se elas concordam. As respostas foram variadas e até engraçadas. Confira!

“Superconcordo com a pesquisa. Lembra do Sex and The City? Ok, era ficção, mas a Miranda, a mais estudada do grupo, depois de muito bater a cabeça casou com o barman. Em outro episódio, no primeiro encontro ela omitiu que era advogada e disse ser aeromoca. Na vida real, acho que é bem por aí.”

“Esse ‘gap’ não é apenas educacional, mas também de sucesso na carreira, que gera distanciamento de ambos os lados, pois a mulher se interessa por uma porção menor de homens, mas por outro lado, uma parte dos homens também quer ao lado uma mulher de nível intelectual e social igual ou até abaixo do deles.”

“Encontrar um parceiro íntegro e com os mesmos valores é difícil. Parceiro atraente de uma noite só tem!”

“Pergunta difícil… Nem Freud explica!

Fonte: revistacrescer.globo.com