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Nova técnica ajuda o bebê a virar para o parto normal

Nova técnica ajuda o bebê a virar para o parto normal

“O bebê já virou?” Quanto mais imponente a barriga, maiores as chances de a grávida ouvir essa pergunta. E para quem deseja um parto normal, saber a posição da criançanão é mera curiosidade, já que o ideal é que ela esteja com a cabeça voltada para baixo, encaixada na pélvis materna, e o restante do corpo para cima, o que é conhecido como posição cefálica. Geralmente, os bebês adotam essa posição até a 36ª semana de gravidez, mas alguns demoram um pouco mais ou, às vezes, simplesmente não dão a tão esperada cambalhota.

Em um estudo que é a maior referência sobre o assunto até hoje, pesquisadores do Centro Médico Hospitalar Sueco em Seattle, nos Estados Unidos, apontam que entre 96% e 97% dos bebês ficam de cabeça para baixo até o parto, mas de 3% a 4% permanecem sentados ou, o que é ainda mais raro, deitados. A explicação dos especialistas para a predominância da posição cefálica está relacionada ao formato do útero, que parece uma pera invertida. Conforme o espaço vai diminuindo, os bebês procuram maneiras de ficar mais confortáveis ali dentro, o que significa deixar a área maior e mais móvel, formada pelo bumbum e pelas pernas, para cima, e a cabeça, que é mais densa, para baixo.

Por que, então, alguns bebês não viram? Muitas vezes, não se trata de uma simples divergência em relação ao que é conforto, mas algo que os impede de fazer o movimento mais natural. De acordo com o ginecologista e obstetra Renato Augusto Moreira de Sá, presidente da Comissão Nacional Especializada em Medicina Fetal da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), algumas das causas possíveis são más-formações fetais ou uterinas, cordão umbilical curto, que restringe o movimento, ou excesso de líquido amniótico, o que pode fazer com que o bebê se movimente muito dentro do útero sem se acomodar. Porém, há casos que a medicina simplemente ainda não consegue explicar.

A única certeza é a de que a posição cefálica é a mais segura para o parto normal. Um dos motivos para isso, segundo o obstetra, é que quando o bebê está virado para baixo, a dificuldade do parto é decrescente. “A cabeça tem o maior diâmetro quando comparada às outras partes do corpo e, depois que ela sai, o resto é mais fácil”, explica. “No parto normal, o ideal é que o queixo esteja bem próximo ao peito para diminuir essa medida. Se o bebê estiver sentado, um dos problemas é que, pelo próprio sentido do movimento das contrações, existe mais chance de o queixo apontar para cima, e isso pode fazer com que a cabeça ‘entale’, mesmo depois de o corpo inteiro sair.”

Uma boa ajuda
Felizmente, é possível dar uma “mãozinha” para os bebês virarem antes do parto. Uma das abordagens que vêm ganhando força entre doulas e enfermeiras obstétricas, e foi destaque no Simpósio Internacional de Assistência ao Parto (Siaparto), em setembro deste ano, é o Spinning Babies (em tradução livre, bebês girando). Criado pela norte-americana Gail Tully, o método combina uma série de exercícios baseados em três pilares: equilíbrio, gravidade e movimento.

Segundo Gail, se os músculos do útero e do assoalho pélvico estiverem flexíveis, condição que, muitas vezes, pode ser conquistada com exercícios, o bebê vira espontaneamente. “Algumas parteiras dirão que os bebês nascem pélvicos [quando não viram] porque querem. Pode até ser, mas sugiro que abordemos um possível desequilíbrio do útero. Acredito que o bebê vai ficar na melhor posição possível, de acordo com o espaço no ventre. Não é que existam mulheres imperfeitas por dentro, mas a área ideal depende do alinhamento pélvico e de ligamentos que podem estar desbalanceados por movimentos repetitivos, como cruzar as pernas ou pisar no pedal do acelerador”, explica.

A maioria dos exercícios propostos por Gail para retomar o equilíbrio do organismo é simples e pode ser realizada em casa. Em um deles, chamado de “inversão inclinada para a frente”, a mulher fica de joelhos em uma poltrona ou sofá e se apoia com os antebraços no chão, deixando a cabeça relaxada. A posição deve ser mantida entre 30 segundos e um minuto e pode ser repetida até três vezes por dia. A intenção é fazer com que o bebê se movimente no útero e assuma a melhor posição, com os músculos pélvicos da mãe relaxados e alinhados.

A empresária Mariana Menezes, 30 anos, descobriu o método por meio de sua doula e começou a fazer os exercícios na 33ª semana da gestação de seu primeiro filho. Apenas sete dias depois, o bebê apareceu no ultrassom de rotina em posição cefálica e não mudou mais. “Me ajudou muito, não só durante a gravidez, mas também no trabalho de parto”, conta a mãe de Pedro, hoje com um mês. “Fiz os exercícios no intervalo das contrações e eles me ajudaram a relaxar e diminuíram o desconforto. Toda a preparação me deu a confiança de que seria capaz de ter um parto normal em casa e sem anestesia – e foi o que aconteceu”, conta. Isso porque os movimentos de Spinning Babies também ajudam na rotação do bebê, para facilitar a descida dele pelo canal de parto.